:: Depoimentos sobre o Plano

 

Entrevista com Alexandre Schneider, secretário de educação do município de São Paulo

 

“É um processo muito rico, porque conjuntamente conseguimos construir um caminho para a construção desse plano”


Depois de quase dois anos de diálogo entre poder público e sociedade civil, o plano de educação para a cidade de São Paulo está sendo construído coletivamente, em um processo que deve culminar com a realização da Conferência Municipal de Educação, de 18 a 20 de junho.


Para falar sobre os desafios de um processo como esse, o site De Olho no Plano entrevistou o secretário de educação do município, Alexandre Schneider. Para ele, o mais importante agora é estabelecer metas claras, para que as próximas gestões possam cumprir efetivamente as diretrizes do plano. Leia a seguir, na íntegra:


Qual a importância desse processo de construção do plano de educação para a cidade de São Paulo, e como ele pode contribuir para a melhoria do ensino na cidade?


Em primeiro lugar, o próprio processo em si já é um avanço. É uma discussão do poder público com entidades não governamentais e sindicatos que já vem acontecendo há algum tempo, são dois anos de processo. Todo o processo foi pensado coletivamente, em que as partes tiveram que pensar um consenso possível.


Segundo é o fato de as escolas estarem se envolvendo, discutindo bastante, abrindo a escola para a comunidade para debater educação.


Em terceiro, ao se trabalhar com vários públicos que se relacionam com educação na cidade de São Paulo, a gente consegue trazer diferentes olhares e o plano fica mais rico.
Esse processo de construção do plano vai ser muito importante para termos um plano mais arejado, e por outro lado um plano que seja mais da cidade mesmo, não do governo.


Como o sr. avalia o envolvimento dos outros entes, como o Estado e a União, e qual a importância desse envolvimento?


Tem sido um pouco menos frequente do que o governo do município. Primeiro por causa de uma série de compromissos que esses dois entes têm, é natural. Gostaríamos que eles tivessem uma participação mais efetiva. Mas ainda acredito que tanto governo federal quando estadual vão participar desse processo até o fim, já que ele ainda não terminou.



Uma das deliberações da Conferência Nacional de Educação, que discutiu a criação de um Sistema Nacional Articulado, é que os planos municipais e estaduais aprofundem o regime de colaboração. Como deve ser essa questão no plano que está sendo construído em São Paulo?


Acho que esse tema tem que estar presente, sim. É importante que a gente tenha um sistema nacional articulado, mas a minha posição é que os entes têm que ter liberdade, assim como as escolas têm que ter liberdade para desenvolver seus projetos. Essa articulação é fundamental, ainda mais numa cidade como São Paulo, em que a educação é dividida praticamente ao meio entre estado e município, e você tem que ter políticas conjuntas. Na minha visão, os municípios e estados não têm que ser executores de uma política definida nacionalmente. Dexistir diretrizes nacionais, claro, mas com autonomia para sua própria organização, projeto pedagógico, assim como as escolas têm que ser mais autônomas, inclusive no nosso município.


Como o sr. avalia o desenvolvimento deste processo até agora?


Tivemos indas e vindas, é um processo que envolveu diversos atores, muitas vezes com visões distintas, portanto é natural que tenha levado um tempo para se cristalizar. Mas foi um processo muito rico, porque conjuntamente conseguimos construir um caminho para a construção desse plano, e acho que esse é o grande ganho.


E qual é a sua expectativa, agora?


É que a gente caminhe, de hoje até a realização da Conferência, em junho, para a construção de um plano que tenha metas claras e efetivas da educação que queremos ter. Vai ser um desafio pensar mais na meta do que nos processos que nós temos, como carreira, por exemplo.
O importante é a gente apontar a educação que queremos para a cidade para o médio e longo prazo. Portanto colocar metas mais claras, e poucas metas, para que possam ser atingidas por essa e pelas futuras gestões que estarão envolvidas na aplicação do plano.

 

Em seguida que tenhamos uma boa discussão também na Câmara dos Vereadores, que é quem aprova o plano, e que tenhamos o mais breve possível um plano de educação para a cidade de São Paulo.


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