:: Depoimentos
Cerca de 1.500 delegados votaram propostas e metas para o plano de educação da cidade, em processo participativo inédito no país; leia depoimentos de alguns deles momentos antes da abertura:
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Terezinha Maria de Jesus
Quando Terezinha era criança, seu pai, na roça, não a deixou estudar. Foi aluna de EJA há 4 anos, se formou, tem 60 anos. Hoje tem uma creche, que durante o dia atende 117 crianças e à noite trabalha com jovens e adultos no MOVA |
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Resolvi vir aqui hoje para lutar para um bem melhor para as minhas crianças. Buscar uma educação melhor, um projeto de vida melhor para eles. A base somos nós que damos para as nossas crianças. Seu futuro está em nossas mãos, temos que cuidar para que eles tenham uma qualidade de vida melhor. Pensando neles, estou aqui representando o CEI Universo Infantil [creche conveniada].
De olho no plano – O que você espera que seja discutido na Educação Infantil?
Terezinha – espero que melhore as condições dos profissionais, para uma educação melhor. Espero que nossos governantes reconheçam nosso intuito de estar aqui hoje. |
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Rosana de Assis Divino
Professora de escola municipal, da DRE de São Miguel |
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De Olho no Plano – Como está sendo participar deste processo?
Rosana – É interessante. Muitas brigas, entre aspas, muitas discussões. Porque cada segmento está defendendo seu quinhão. Estou achando que há muita gente fora da educação querendo um quinhão, e foi por isso que eu vim. Porque eu estou na escola pública. Vim para não deixar sair dinheiro da educação para outros segmentos, como o MOVA, ou pessoas que não são profissionais da educação que prestaram concurso, e querem ter os mesmos amparos do que a pessoa que prestou concurso, que foi preparada, que tem licenciatura.
De Olho no Plano – O que você achou das propostas?
Rosana – Tem propostas boas, mas muitas incabíveis também. Há muitas da educação infantil, que precisa mesmo de uma boa reformulação, educação inclusiva, porque estamos com muitos alunos portadores de diversas necessidades e não temos muito amparo, legal nem físico. As propostas que acho inviáveis são as referentes ao MOVA e às creches conveniadas. Acho que deveria haver uma política para a prefeitura cuidar mais disso, não deixar na mão de ONGs, de terceiros. A responsabilidade é dela. |
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Rose Mary Frasson
Professora do Cieja em Brasilândia |
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Temos propostas muito boas que visam abrilhantar esse trabalho de atendimento a uma população que já foi marginalizada, discriminada, excluída, por muitos e muitos anos. O Cieja tem uma didática e uma metodologia totalmente diferenciadas, que vêm tratar diretamente das necessidades que essa população tem. A proposta muito séria para a qual vou lutar muito para que dê certo, é que o Cieja consiga o segundo grau. Sabemos que a prefeitura atende hoje até o final do ensino fundamental, até a 8ª série. Mas os alunos do Cieja precisam dessa continuidade, dessa escola diferente que é o Cieja, porque o Cieja acolhe de uma maneira muito diferente, que não se vê nas escolas comuns.
De Olho no Plano – Como foi o processo para você chegar até aqui, na Conferência?
Rose – Foi lindo. Na sala de aula demos um tempo com a matéria e ali a gente parou, explicou o que era o Plano de Educação, falamos para ele dessa riqueza maravilhosa, que pela primeira vez estamos vendo a população tão diretamente. Fizemos aulas e plenárias com nossos alunos. Estamos aqui apenas representando as necessidades e as vontades deles. Na sala de aula a gente foi buscando os tópicos, e elegemos os três tópicos que cada aluno em sala de aula achava prioritário. Eles discutiram entre eles, sem intervenção de nenhum professor. Depois selecionamos os mais votados na escola e conseguiu levar à plenária que houve na Rosas de Ouro [plenária da subprefeitura de Casa Verde/Cachoeirinha]. Houve alunos que deixaram de ir trabalhar no dia para participar. Só da nossa escola participaram da plenária cerca de 350 alunos. |
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Fábio Rogério Nepomuceno
Professor de Língua Portuguesa e Informática em uma EMEF de Perus |
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Além da plenária livre de comunicação, eu e meus alunos participamos também do encontro na subprefeitura no CEU Perus. A discussão lá foi muito interessante, falamos de nossas demandas na região de Perus, que são muito grandes, até de estrutura mínima, espaços de lazer. Espero que aquela discussão lá continue aqui e se transforme em política pública. Parece que está indo para esse caminho. Aqui, vou participar das discussões nos eixos financiamento da educação e ensino fundamental.
De Olho no Plano – O que você espera que saia de propostas de financiamento?
Fábio – Que o financiamento seja aumentado, primeiro de tudo; que a verba de educação seja realmente destinada à educação, o que atualmente não acontece. E que dessa verba, uma parte seja dedicada a investimento em tecnologia na educação, e passeios culturais. É isso que defendo no projeto Educom, passeios culturais, e o conceito de cidade educadora. Mas para isso precisa de dinheiro, no mínimo para transporte. É muito burocrático hoje.
De Olho no Plano – você tem críticas à maneira como está sendo realizado este processo?
A única crítica que tenho é que foi feita muito pouca divulgação. Quase nenhuma escola de onde venho, em Perus, participou. Na verdade, de EMEFs, só a minha escola estava presente. Isso prejudicou a representação dos delegados. Somos delegados representando um grupo pequeno. Seria mais interessante que todas as escolas tivessem mandado representantes.
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Suzi Souza
Aluna do 2º ano do ensino médio, eleita delegada no CEU Perus; enquanto esperava a abertura da Conferência, escrevia um poema |
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Comecei a participar do projeto de educomunicação quando estava na oitava série, e até hoje continuo indo aos eventos, participando, fazendo a cobertura [ela estava fazendo a cobertura da Conferência].
De Olho no Plano – que tipo de discussão lhe interessa mais?
Suzi – Educação e meio ambiente e ensino superior, já que estou perto de entrar. Achei bem legal os dois temas.
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Maria Lúcia de Almeida
Eleita delegada pelo Centro do Professorado Paulista, representando o magistério do estado de São Paulo |
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Participei da plenária da subprefeitura da Sé. Foi uma atividade muito concorrida, com alunos, a sociedade civil em geral, entidades de classe. Estamos na defesa da escola pública de qualidade, mas também de um profissional recompensado, que tenha reconhecimento pela sociedade e pelos governantes, o que não ocorre atualmente. Nosso debate constante é em cima da profissionalização do magistério de São Paulo. E defendemos também a aprovação do Plano Estadual de Educação, elaborado pela sociedade civil há anos e que até hoje não foi aprovado pela Assembleia Legislativa.
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Depoimentos Pós-Conferência:
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Enviado por e-mail ao deolhonoplano@acaoeducativa.org:
Maria Adalgiza Pinto Grupo Articulador Jardim Aracati/Cidade Ipava
Vivendo democracia
A Conferência da Educação da Cidade de São Paulo, dias 18, 19 e 20/06, foi uma experiência única, para aqueles que participaram pela primeira vez. Foi possível presenciar e fazer parte de momentos de debate, divergências, consenso e decisão que foram intensos em todo processo nestes dias. Num debate democrático há instantes em que as discussões se seguem acaloradas e alguns temas parecem nunca serem passíveis de um acordo. Vencem as propostas mais claras, defendidas com convicção que, assimiladas, conquista a Assembléia. O tempo parece um inimigo constante, não dá treguas. Fica a sensação de que ele é sempre o vencedor. Não vencemos a corrida rumo ao último ítem é preciso traçar novas estrategias! Ter direito a voz, seja ela em qualquer forma de expressão é o direito básico de cidadania que vimos acontecer na sua forma mais concreta com a presença de surdos e mudos que utilizaram a liguagem de sinais em todo o processo.
Durante estes dias no Anhambi foi no auditorio, neste domingo, a experiência mais marcante e democrática ao votarmos os itens referentes a Educação Inclusiva. Os que compunham a mesa souberam conduzir, este momento, de forma coerente e firme para que nenhum direito fosse desrespeitado. Muitos de nós saiu com a firme decisão de acrescentar mais um item em nossos propósitos: aprender a linguagem de sinais, Libras é meta! O resultado final da Conferência não será o ideal deste ou daquele grupo, mas, ainda assim, conterá a soma das nossas diferenças, que na Câmara dos Veredores deve receber os acertos finais. E nós, sempre em debate com o tempo, nos preparamos para os próximos passos. |
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